O Palacete do Visconde: uma vocação ao serviço público (4)
Como já foi comentado, embora a tradição oral diga que o
Barão de Correntes habitou o prédio, mais provavelmente entre 1881 e a sua
morte em 1896, o material pesquisado não comprovou essa informação (CALDAS,
1992, 19). As fontes nos ensinam que ali funcionou um estabelecimento bancário,
o London Bank durante muitos anos (REVISTA DO CENTENÁRIO, 1912, p.69). De
propriedade fragmentada, os herdeiros então alugaram o prédio e com o tempo foram
vendendo suas partes para a municipalidade, interessada em instalar ali suas
repartições e serviços públicos.
A primeira compra feita pela Intendência foi em 30/08/1910,
adquirindo metade do imóvel. Eram as frações de Firmiana Braga de Araújo e
Natália Braga herdadas de Teresa da Cunha; as de Carlos Alberto Braga e Tibério
Teixeira de Lima, que vinham da metade da herança de Umbelina da Cunha Flores.
A segunda compra pela Intendência se deu em 09/09/1910 e
tratava-se da outra metade da herança de Umbelina da Cunha Flores, que na época
estava na posse de Eduardo Augusto de Menezes. A Intendência Municipal possuía
agora dois terços do imóvel.
A última parte a ser adquirida foi a herança de Maria
Praxedes da Cunha Rasgado. Este último terço foi comprado ao viúvo Joaquim
Rasgado Filho e seus 3 filhos em 13/12/1910.
Os vários proprietários do prédio foram ao longo do ano de 1910, repassando suas posses para a Intendência Municipal que fez uma reforma no palacete.
Em 04/06/1918 se deu uma reunião na Praça do Comércio (Antiga
Associação Comercial), que era uma sala alugada na entrada do Clube Comercial.
Esta reunião formalizava a fundação do Conservatório de Música de Pelotas. O
governo municipal, na pessoa de seu Intendente dr. Cipriano Barcelos cedeu para
a instalação provisória do Conservatório o prédio comprado em 1910, reformado e
ainda vazio. Assim, o Conservatório passou a ocupar algumas salas no andar
térreo do palacete da Intendência. A procura de alunos aumentou e em 1925 foi
feita uma reforma para adaptar mais salas de aula. Embora com procura, o
Conservatório de Música seguia sempre com dificuldades financeiras para
manter-se e seus diretores pensavam na possibilidade de municipalizar a
instituição e garantir sua permanência. Em
Pelo tempo, o prédio passou a necessitar de reparos urgentes
e o prefeito Albuquerque Barros ordenou uma reforma geral no imóvel centenário.
Entre 1939 e
No andar térreo, o governo municipal instalou a
Subprefeitura, a Junta de Alistamento Militar e a Diretoria de Luz, Força e
Estatística (CALDAS, 1992, 27).
Após alguns anos, mudanças políticas desocuparam a parte
térrea do prédio para ali instalar o Departamento Municipal Autônomo de Águas e
Esgotos, criado em 04/12/1953 pela Lei Municipal n° 474/53. O palacete da
esquina da antiga rua do Poço parece reclamar a si o serviço de abastecimento
de água, numa tentativa silenciosa de lembrar aos transeuntes do antigo poço
ali existente onde hoje encontra-se a Ótica Estima, quase a esquina com a rua
General Osório.
O Departamento foi criado em substituição a Seção de Águas e
Esgoto e os Serviços de Instalações Domiciliárias, subordinados a Diretoria de
Obras e Saneamento. A Seção de Águas e Esgotos teve seu escritório durante
muitos anos instalado, desde a encampação da Companhia Hidráulica de Pelotas
pela Prefeitura em 1908, numa sala do andar térreo da Prefeitura (RELATÓRIO DE
1916,
O serviço de águas, melhor organizado, cresce e em 25/10/1965
através da Lei Municipal n° 1474/65 torna-se autárquico com a criação do SAAE.
No mesmo ano, em 29/11/1965, pela Lei Municipal n° 1485/65 o prefeito Edmar
Fetter torna o Conservatório de Música também uma entidade autárquica,
dando-lhe maior autonomia.
No andar superior do palacete, a autonomia do Conservatório
leva ao início de um processo de federalização. Em 15/12/1969, por Decreto
Federal n° 65.881, foram aprovados os estatutos da recém criada Universidade
Federal de Pelotas e neles consta o Conservatório de Música como uma unidade
agregada. A partir daí o processo da transferência definitiva do Conservatório
para a Universidade Federal se arrastou conforme o interesse do prefeito que
esteve
No andar térreo, o SAAE ganha importância municipal, sendo um
importante prestador de serviços públicos. Seu crescimento leva o prefeito, em
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