quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pelotas é um município gaúcho, localizado no estado do Rio Grande do Sul (RS), 
a 250 km de Porto Alegre, a capital mais ao sul do Brasil.




Blog com o objetivo de partilhar e divulgar informações de pesquisas realizadas por mim sobre os povoadores do município de Pelotas. Pelotas, RS, Brasil. 

Autor: LEANDRO RAMOS BETEMPS, historiador, genealogista e pesquisador. 

Colaborador do IHGPel - Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas e 
Museu da Colônia Francesa, de Pelotas. 

Contato: leandrobetemps@gmail.com   

Fotógrafos franceses em Pelotas

Além do importante legado de ter sido a etnia que criou as primeiras fábricas alimentícias que fizeram os primeiros doces industrializados de Pelotas, a colonização e a imigração francesa trouxeram para cá outras importantes modernizações. Entre os expoentes deste grupo étnico estão os primeiros fotógrafos de Pelotas: Serrès, Baptiste Lhullier e Amoretty.

Em Pelotas o primeiro fotógrafo de que se tem notícia é o francês Charles Etienne Serrès, nascido por volta de 1829, filho de Etienne Serrès e Marie Lassale. Seu ateliê situava-se à Rua das Flores, n° 80 (chamada rua Andrade Neves desde 1869). O fotógrafo casou-se em 1866 em Pelotas, com a francesa Marianne Elise Lhullier, de quem teve dois filhos: Emílio e Paula. Após anos de dedicação à arte de Daguerre, Charles Serrès faleceu em 1890 em Pelotas e quem o sucedeu foi seu cunhado Jean Baptiste Lhullier.

Jean Baptiste Lhullier foi a segunda geração dos fotógrafos franceses em Pelotas. Era filho de Claude Hubert Lhullier e Anne Maupert, franceses que vieram para Pelotas com quatro filhos e aqui deixaram vários descendentes. O fotógrafo Jean Baptiste nasceu por volta de 1848 em La Chapelle-Blanc-Saint-Martin, no departamento de Indre-et-Loire, e casou-se com a brasileira Maria José Rezende Conde, de quem teve os filhos: Alfredo, João Batista, Maria, Amélia e Eugênia. Em 1875 tinham ateliê na rua 7 de Setembro e já era tido como fotógrafo profissional na cidade. Antes teve ateliê na rua General Osório.

O jornal Correio Mercantil de 13/1/1876 anuncia a chegada do terceiro fotógrafo francês em Pelotas: François Auguste Amoretty, que compra o ateliê de Batiste Lhullier. Este foi dos três fotógrafos franceses, talvez o que alcançou maior destaque em Pelotas. É provável que tenha ajudado para isso a dispersão do interesse pela fotografia que aumentou no final do século com o advento de novos processos de fotografar e novos produtos químicos, tornando a fotografia um pouco mais acessível às camadas mais populares. Esses detalhes junto com sua habilidade de fotógrafo faziam dele o grande fotógrafo até aquele momento. Seus pais eram os franceses Antoine Louis Amoretty, natural de Marselha e Victorine Louise Masseran, natural de Montpellier, casados em 1842 na cidade do Rio de Janeiro. Essa importante informação põe em questão a naturalidade de Amoretty. Seria ele nascido na França ou no Brasil? Muito provavelmente tenha nascido no Brasil e adquirido a nacionalidade francesa por adoção. O que se sabe de concreto é que o fotógrafo François Auguste Amoretty recebeu várias menções e medalhas por seu dedicado trabalho e que teve um irmão chamado Afonso Carlos Amoretty que casou na atual cidade de Arroio Grande com uma brasileira. A. Amoretty casou provavelmente no Uruguay com Francisca Luísa Lugarte de quem teve os filhos Conceição, Otília, Saturnina, Carlos Augusto, Dora, Luís Carlos e Maria Teresa, alguns deles nascidos em Pelotas. Em 1897 tinha seu ateliê na rua 15 de Novembro esquina General Telles.

O longo processo de formação da arte da fotografia culminou na França, no início do século 19, com Nièpce, Daguerre e Florence. E foram justamente também os franceses que trouxeram da pátria-mãe para Pelotas este processo fotoquímico de apreender a imagem.

Leandro Ramos Betemps - ltemps@terra.com.br
(Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPEL)
Fonte: http://www.diariopopular.com.br/11_05_07/artigo.html