1)
Campos próximos (aprox. 1780 – 1812)
|
Antes
da implantação de pequenos núcleos populacionais pelo saco do Laranjal, curso
do Arroio Pelotas, margens do Canal São Gonçalo e costas dos Arroios Santa
Bárbara e Fragata, as pessoas eram enterradas em pleno campo, distante das
habitações, ou levadas para serem sepultadas na Vila de Rio Grande. Com a
criação da Freguesia de São Francisco de Paula, as inumações começaram a
serem feitas no local.
|
2)
Cemitério Boa Vista (1812-1818)
|
Neste
período, 8 corpos foram sepultados neste local, sendo ali sepultado o dono do
primeiro registro de óbito realizado na nova Freguesia. Atualmente existe um
Cemitério na localidade da Boa Vista, nas imediações da Sanga Funda ou Areal,
mas tudo indica não ser o mesmo lugar. Seria este o lugar onde morava o Padre
Felício (na atual Rua Gonçalves Chaves – antiga Rua Alegre)? Teriam sepultado
ali os primeiros mortos da Freguesia até que a Igreja fosse construída e
pudesse receber os mortos como era costume ainda naquela época? Seria o nome
primitivo que recebeu o primeiro cemitério que foi construído já no ano
seguinte e ficou conhecido por Cemitério Santa Cruz? Seria algum campo santo
aberto próximo à atual rua Marcílio Dias – antiga Rua Boa Vista? Haveria
algum cemitério neste campo alagadiço que descia em direção ao antigo leito
do Arroio Santa Bárbara? Provavelmente, esse cemitério se localizava próximo de onde atualmente está a comunidade Católica Santo Antônio (que pertence a Paróquia Senhor Ressuscitado da Comarca Norte de Pelotas). O templo atual é de 1948, erguido onde havia uma capela primitiva, sede da Freguesia de Santo Antônio da Boa Vista (1858). Na propriedade, havia desde 1800/1810, o Oratório da Fazenda da Boa Vista.
|
3)
Cemitério do Capitão–mor Antônio Francisco dos Anjos (1813)
|
No
ano de 1813, são registrados 4 sepultamentos no cemitério existente na
Fazenda do Capitão-mor Antônio Francisco dos Anjos. Possivelmente o cemitério
seja anterior a criação da Freguesia, embora não parece ter havido outros
registros neste lugar.
|
4)
Cemitério da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão (1813-1855...)
|
Às
vezes consta como sepultado no Cemitério da Capela, às vezes aprece apenas
como sepultado na Capela, porém o certo é que 18 sepultamentos foram
registrados neste período. O cemitério seguiu a existir, passando a ser sede de
Freguesia tendo livros próprios para os registros.
|
5)
Cemitério de Antônio Pereira da Cruz (1832)
|
Neste
ano surge um registro de óbito realizado no Cemitério de Antônio Pereira da
Cruz, sendo um Oratório filial da Matriz de São Francisco de Paula.
|
6)
Cemitério de Pelotas (1813-1855...)
|
Desde
1813 aparecem registros de sepultamentos realizados em “Pelotas”, aqui
considerado com um dos núcleos onde a população foi se fixar. Às vezes
aparece como Cemitério de Pelotas, filial da Matriz de São Francisco de
Paula; às vezes aparece como Oratório da Fazenda de Pelotas, ou de Nossa
Senhora dos Prazeres de Pelotas, ou como Oratório da Fazenda de dona Isabel
de Pelotas. Todos parecem indicar o mesmo lugar, a Fazenda de Isabel da
Silveira, no atual Laranjal. Somam-se 42 sepultamentos.
|
7)
Cemitério da Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Boquête (1824-1833)
|
Inicialmente
dependente da Matriz de São Francisco de Paula, essa Igreja tornou-se sede de
Freguesia com uso de livros próprios para registros eclesiais. Ainda assim, 8
sepultamentos foram registrados como ocorridos no Cemitério da Igreja de
Nossa Senhora da Consolação do Boquête ou às vezes citada como simplesmente
Capela do Boquête, que atualmente refere-se ao atual municípios de Capão do
Leão e Morro Redondo.
|
8)
Cemitério da Igreja de Nossa Senhora da Luz (1824-1855)
|
Em
1821, José Bernardino Vitória dos Santos pediu ao Vigário Geral Interino do
Rio Grande do Sul, licença para construir uma ermida de Nossa Senhora da Luz,
assim como um campo murado nos fundos da Igreja para servir de jazigo aos
mortos. Em 30/05/1823, foi concedida a licença e já se achava adiantada a
construção da capela. O cemitério foi benzido em 26/10/1823, pelo Frei
Bernardino do Espírito Santo Ferreira. Em 30/08/1824, foi consagrada a
capela-mor. E a partir de 1824 aparecem registros de óbitos, cujos
sepultamentos foram realizados na Capela, Oratório ou Ermida de Nossa Senhora
da Luz, às vezes como catacumbas, às vezes como cemitério, às vezes ainda
aparecem como catacumbas do cemitério. Parecem indicar o mesmo lugar, mesmo
que os sepultamentos tenham ocorrido dentro ou fora da capela, em cemitério
ou em catacumbas. Iniciado um cemitério, parece que nunca se desenvolveu o
suficiente. Fernando Osório, no A Cidade de Pelotas informa ter ali existido
um cemitério subterrâneo, que ao lado esquerdo do primeiro templo, havia
tampas de ferro com fortes gonzos e fechos, que deve ter sido obstruído pela
construção de igreja maior, hoje também substituída por templo mais novo. Em
17/01/1852, os moradores Bernardo Marques de Souza Prates, Ana Marques da
Souza Prates, Antônio Marques de Oliveira, José Rodrigues Candiota e Manoel
Gonçalves dos Santos, todos da Irmandade de Nossa Senhora da Luz, pediram
concessão da Câmara para edificarem em terrenos daquela Capela um jazigo
subterrâneo para si e suas famílias, para o que obtiveram a necessária
licença da mesma Irmandade, e cuja obra tendo sido principiada, lhes foi pelo
fiscal da Câmara embargado e depois permitido uso até que se estabeleça o
cemitério da Santa Casa, ficando desde logo inutilizado o jazigo para o que
os suplicantes assinaram termo nesta Câmara. Em 10/04/1855, o vereador
Vicente José da Maia, requereu o fechamento do Cemitério da Luz, por ser
impróprio o local. Foram contados 54 sepultamentos, sendo talvez 5 destes
ocorridos dentro do templo.
|
9)
Cemitério Santa Cruz (1812-1819)
|
Em
terreno baldio na Rua Almirante Barroso (antiga Rua das Fontes) esquina
Avenida Bento Gonçalves (antiga Rua do Passeio Público) foi instalado o cemitério
para a Freguesia recém instalada. Estava a cargo da Irmandade do Santíssimo
Sacramento e Padroeiro São Francisco de Paula e funcionou por 7 anos, 2 meses
e 11 dias. Em 31/12/1819 a Irmandade mandou fechar o cemitério sendo aberto
outro atrás da Matriz. Em 20/11/1846, uma procissão saindo da Matriz trouxe a
Santa Cruz das Missões que foi cravada no centro do espaço onde havia o
cemitério, por isso ao se referirem ao antigo cemitério passou-se a chamar de:
o da Santa Cruz. Entre 1812 e 1819 são identificados 103 sepultamentos indicados
como sendo na Matriz ou no Cemitério da Matriz que entende-se como sendo
neste cemitério.
|
10)
Cemitério da Matriz ou Fundos da Matriz (1820-1825)
|
A
partir de 01/01/1820, os sepultamentos passaram a ocorrer nos fundos da
Matriz São Francisco de Paula, no lado que dá para a Rua Quinze de Novembro (antiga
Rua São Miguel). A Irmandade do Santíssimo Sacramento e Padroeira mandara
murar o terreno dos fundos da Matriz e constriur linhas de catacumbas. A
ideia era trazer o cemitério mais para perto da Matriz, assim como acabar com
os sepultamentos dentro do templo. Desde 15/02/1814 foram realizados
enterramentos dentro do corpo da Igreja, entre eles o do Padre Felício em
1818. Entre os benfeitores deste cemitério estavam Antônio Francisco dos
Anjos, Joaquim Francisco Ilha e sua esposa Eusébia Maria de Assunção que
fizeram doações entre 1819 e 1820. Depois desta data os sepultamentos dentro
da Igreja cessaram, ainda com poucas exceções até 1827. Este cemitério durou
apenas 5 anos, 2 meses e 13 dias quando foi fechado em 13/03/1825 e depois demolido.
O material foi reutilizado para a construção da capela-mor. A Irmandade do
Santíssimo e Padroeiro mandou abrir cemitério maior na rua do passeio. Entre
1820 e 1824 são registrados 132 sepultamentos, sendo 30 como catacumbas da
Matriz, 69 como cemitério da Matriz e 33 simplesmente como na Matriz. Boa
parte dos sepultados dentro ou fora da matriz deve estar neste número.
|
11)
Cemitério dos Livres (1823)
|
Nos
registros eclesiásticos de óbitos, constam sepultamentos em lugares ainda não
identificados, um destes lugares é o Cemitério dos Livres, onde foram
sepultados 9 corpos em 1823. Este local não é mais citado nos registros.
|
12)
Cemitério de Pelotas ou do Passeio (1825 – 1855)
|
A
Irmandade precisava abrir um cemitério maior e em 13/03/1825 uma reunião da
Mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Padroeiro diz ter murado novo
terreno e construído catacumbas para que o cemitério fosse transferido. O
terreno ficava na Avenida Bento Gonçalves (antiga Rua do Passeio Público) com
fundos para a Rua General Argolo (antiga Rua da Vigia), limitando-se a oeste
com a Rua General Osório (antiga Rua Augusta) e a leste com a Rua Andrade
Neves (antiga Rua das Flores). O cemitério ficava mais sobre a Rua Augusta
devido às proximidades de um charco que abria saga sobre a Rua da Vigia, hoje
a sanga está canalizada. Em 1844, e depois em 1852 e 1855, houve reformas
como a instalação e posterior ampliação de capelinha e a construção de novas catacumbas.
Em 1848 foi recolhida a esta capelinha, uma imagem de São Miguel que de 1819
até aquela data estava na Igreja Matriz. Em virtude do terror da chegada da
cólera morbos, em 30/07/1855, os mesários da Irmandade do Santíssimo
Sacramento mandaram construir às pressas mais catacumbas, ampliar a capela para
acolher 50 pessoas e construir casas para depósito das urnas, mais para o
lado da rua do passeio. O primeiro colérico foi sepultado em 09/11/1855,
seguido de outros 30 até o dia 27, quando a polícia proibiu novos
sepultamentos naquele lugar, pois já estava pronto o cemitério da Santa Casa,
na Estrada do Fragata. Em 1870 este cemitério foi demolido e os despojos
levados para o novo cemitério. Entre 1825 e 1855, ocorreram 3274
sepultamentos que podem ter ocorrido neste cemitério: 1077 aparecem como
ocorrido no cemitério desta cidade, 360 nas catacumbas do cemitério desta
cidade, 30 nas catacumbas do cemitério público desta cidade, 401 no cemitério
público desta cidade e 8 nas catacumbas da Irmandade do Santíssimo Sacramento
e Padroeiro. Ainda constam 57 como nas catacumbas da Matriz, 33 nas
catacumbas do cemitério da Matriz, 1307 como sendo apenas no cemitério da
Matriz e 1 que parece ter sido dentro da Matriz. As nomenclaturas dos
cemitérios não são esclarecedoras sobre o local exato em que se ocorreram.
Dizer que foi na Matriz talvez queira dizer apenas que ocorreram geograficamente
dentro da Freguesia da Matriz.
|
13)
Cemitério dos Alemães (1855)
|
Por
volta de 1851 e 1852 estava acantonado em Pelotas, um batalhão de artilharia
de mercenários alemães. Ainda por volta de 1855, um dos soldados faleceu e o
Vigário não encomendou o corpo, nem permitiu seu sepultamento no cemitério
católico. O defunto foi enterrado próximo do cemitério, num campo varzeado,
ao norte da cidade, a oeste da Praça Dom Antônio Záttera (antiga Praça Júlio
de Castilhos), possivelmente na Avenida Bento Gonçalves (antiga Rua do
Passeio Público), na quadra entre as ruas Andrade Neves e Quinze de Novembro
(antigas Ruas das Flores e de São Miguel). Após sepultarem o alemão, os
outros soldados se revoltaram e agrediram alguns brasileiros e escravos.
Domingos Francisco dos Anjos e sua milícia, vindos do Retiro, sufocaram a
revolta. Aquele campo parece ter recebido outros sepultamentos de
protestantes e passou a ser conhecido por cemitério dos alemães. Parece ter
sido defronte a este cemitério que foi montada a forca, na quadra da Quinze
de Novembro (antiga Rua São Miguel), a uma quadra da Avenida Bento Gonçalves
(antiga Rua do Passeio).
|
14)
Cemitério da Boa Vista (1855 - ainda em funcionamento)
|
Embora
parece ter existido um Cemitério Boa Vista em 1812, não tenha relação
aparente com este que ainda segue em funcionamento nos dias de hoje. Foi
devido à Cólera morbos que em 23/11/1855, João Querino Vinhas doou um terreno
na Freguesia da Boa Vista, em região hoje próxima ao bairro Areal. Neste
terreno deveriam ser construídas uma igreja e um cemitério para a população
próxima. Foi iniciado às pressas devido a Cólera, por ordem da Comissão de Higiene
da Costa, conforme atas da Câmara de Vereadores. Os moradores ficaram
aterrorizados pela vizinhança mórbida e a Câmara se viu obrigada a transferir
o Cemitério ainda em 1856 para o espaço conhecido por Logradouro Público, no
lugar onde continua até o presente.
|
15)
Cemitério da Santa Casa de Misericórdia (1855- ainda em funcionamento)
|
A
Santa Casa de Misericórdia é uma Irmandade fundada por católicos, criada em
Pelotas em 20/06/1847, com o objetivo de fundar um hospital para pobres. O
hospital foi inaugurado em 1848 e em 23/11/1855 teria sido inaugurado o Cemitério da
Irmandade, também conhecido como Cemitério da Misericórdia, ou Cemitério da
Santa Casa. A polícia deu ordens em 04/06/1856 de que todos os sepultamentos
passassem a ser feitos somente neste cemitério. As demais irmandades deviam
pagar aluguel pelo uso de catacumbas de seus sócios. Em 1880 uma capela foi
mandada construir por Zeferina Gonçalves da Cunha e foi dedicada ao Senhor do
Bomfim. A capela está entre as catacumbas da Irmandade do Santíssimo e Padroeiro
e as catacumbas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. No século XX, o
cemitério passou a ser conhecido como Cemitério Ecumênico São Francisco de
Paula. No ano de 1855 existem 48 sepultamentos de livres que parecem ser os primeiros
neste novo cemitério: sendo 4 nas catacumbas do Cemitério da Misericórdia e
44 como sendo apenas no Cemitério da Misericórdia. O primeiro sepultamento de livre registrado foi o do francês João Larré em 24/11/1855. Conforme indicação de leitor deste blog (não identificado), o primeiro sepultamento teria sido do escravo BENEDICTO alguns dias antes de 24/11/1855. Para obter detalhes desse sepultamento é necessário acesso aos livros de óbitos de escravos em Pelotas que devem estar no acervo do Arquivo da Arquidiocese de Pelotas.
|