Parentes de Frei
Galvão em Pelotas?
O principal
elemento da genealogia como ciência social é a procura de evidências
documentais. São os documentos históricos que revelam os indivíduos, porém são
os documentos de interesse genealógico que revelam as conexões e vínculos de
parentesco entre estes indivíduos históricos diferentes. Assim, é graças a
genealogia que é possível investigar possíveis relações sociais entre os parentes
genealógicos (pessoas com pelo menos um ancestral comum) de Frei Galvão, o
primeiro santo brasileiro.
Frei Antônio
Galvão nasceu por volta de 1739 em Guaratinguetá-SP, filho de um português do
Algarve e da paulista Isabel Leite de Barros. Alguns genealogistas indicam como
ancestrais de sua mãe os velhos troncos que desembarcaram no Brasil no século
XVI. Entre seus ancestrais se encontram o nobre açoriano Paschoal Leite Furtado
que veio em 1599 para São Paulo, mas também Antonia Rodrigues, índia batizada
pelo Padre Anchieta, e Pequeroby, irmão do Cacique Tibiriçá. Assim, o santo
brasileiro seria descendente do português colonizador e de índígenas
colonizados. Mas passemos para os parentes mais próximos já de fácil
comprovação histórica.
Para os
gaúchos o parentesco por ancestrais mais importante pode ser o com o general farroupilha
Bento Gonçalves. A mãe do santo era trineta de Pedro Dias Paes Leme, que era
por sua vez primo-irmão de outro Pedro Leme, chamado o velho. Este Pedro, o
velho era bisavô de Fabiana da Costa Rangel, esta última trisavó do General
Bento Gonçalves. Está bem caro leitor, talvez seja melhor pegar papel e lápis e
esboçar a árvore dos dois indivíduos. Calculando o grau de parentesco
descobre-se que são primos de quinto grau com duas gerações de diferença. O
leitor e eu, com certeza, acharemos complicada essa nomenclatura pouco
esclarecedora deste calculo de parentesco entre o santo e o general. Porém o
que nos interessa mais é pensarmos a ligação que poderia haver entre os dois:
talvez moral, talvez milagrosa, ou pelo menos de herança cultural dos paulistas
que vieram colonizar estes verdes campos sulistas.
Investiguemos
agora os parentescos por descendência, os parentescos mais próximos de nós,
advindos pelos descendentes dos sobrinhos do santo Frei. Sim, os irmãos do Frei
deixaram descendentes que vieram para o Rio Grande do Sul.
A irmã,
chamada Maria Leite Galvão casou com Francisco Ferraz de Araújo, pais do
paulista Antônio Galvão de França Neto que casou em 1777 em Rio Pardo com a
riograndina Escolástica Leonor de Sousa.
Já o irmão do
Frei, o sargento-mor José Galvão de França teve pelo menos dois filhos:
Francisco Galvão de França e José Galvão de França. O primeiro foi pai de
Francisco Galvão de Barros França que casou em Pelotas em 1827 com a pelotense
Ana Esméria da Cunha Fontoura. E o segundo filho foi pai do capitão Joaquim
Galvão Pacheco de França casado com a pelotense Mariana Amália da Cunha
Fontoura, nascida aqui em 1821. Porém, não foi encontrado filhos destes casais nascidos
em Pelotas, provavelmente após os casamentos, as esposas seguiram com os
maridos para a Província de São Paulo.
Anos mais
tarde, Antônio Galvão da Fontoura, filho de Joaquim Galvão e Mariana da
Fontoura, seguiu os passos do pai e veio buscar esposa em Pelotas. Aqui casou
em 1865 com a pelotense Josefa Amélia Ferreira da Cunha, filha do Alferes
Carlos da Cunha e de Josefa Amélia da Fontoura, esta última, irmã de Mariana e
de Ana Esméria, sendo as três filhas do casal Francisco José Carneiro da
Fontoura e de sua mulher Ana Ludovina da Cunha.
A genealogia estabeleceu
os vínculos e conexões de parentesco entre os paulistas Galvão e os gaúchos
Fontoura, resta agora à história investigar e revelar quais influências uma
família deixou à outra.
Autor: Leandro Ramos Betemps
Mestre em Memória Social
ltemps@terra.com.br
Artigo publicado no Jornal Diário Popular, de Pelotas, RS, Brasil em 12/05/2007 disponível em http://www.diariopopular.com.br/12_05_07/artigo.html