Além
do importante legado de ter sido a etnia que criou as primeiras fábricas
alimentícias que fizeram os primeiros doces industrializados de Pelotas, a
colonização e a imigração francesa trouxeram para cá outras importantes
modernizações. Entre os expoentes deste grupo étnico estão os primeiros
fotógrafos de Pelotas: Serrès, Baptiste Lhullier e Amoretty.
Em
Pelotas o primeiro fotógrafo de que se tem notícia é o francês Charles Etienne
Serrès, nascido por volta de 1829, filho de Etienne Serrès e Marie Lassale. Seu
ateliê situava-se à Rua das Flores, n° 80 (chamada rua Andrade Neves desde
1869). O fotógrafo casou-se em 1866 em Pelotas, com a francesa Marianne Elise
Lhullier, de quem teve dois filhos: Emílio e Paula. Após anos de dedicação à
arte de Daguerre, Charles Serrès faleceu em 1890 em Pelotas e quem o sucedeu
foi seu cunhado Jean Baptiste Lhullier.
Jean Baptiste
Lhullier foi a segunda geração dos fotógrafos franceses em Pelotas. Era filho de
Claude Hubert Lhullier e Anne Maupert, franceses que vieram para Pelotas com
quatro filhos e aqui deixaram vários descendentes. O fotógrafo Jean Baptiste
nasceu por volta de 1848 em La Chapelle-Blanc-Saint-Martin, no departamento
de Indre-et-Loire, e casou-se com a brasileira Maria José Rezende Conde, de
quem teve os filhos: Alfredo, João Batista, Maria, Amélia e Eugênia. Em 1875
tinham ateliê na rua 7 de Setembro e já era tido como fotógrafo profissional na
cidade. Antes teve ateliê na rua General Osório.
O
jornal Correio Mercantil de 13/1/1876 anuncia a chegada do terceiro fotógrafo
francês em Pelotas: François Auguste Amoretty, que compra o ateliê de Batiste Lhullier.
Este foi dos três fotógrafos franceses, talvez o que alcançou maior destaque em
Pelotas. É provável que tenha ajudado para isso a dispersão do interesse pela
fotografia que aumentou no final do século com o advento de novos processos de
fotografar e novos produtos químicos, tornando a fotografia um pouco mais
acessível às camadas mais populares. Esses detalhes junto com sua habilidade de
fotógrafo faziam dele o grande fotógrafo até aquele momento. Seus
pais eram os franceses Antoine Louis Amoretty, natural de Marselha e Victorine
Louise Masseran, natural de Montpellier, casados em 1842 na cidade do Rio de
Janeiro. Essa importante informação põe em questão a naturalidade de Amoretty.
Seria ele nascido na França ou no Brasil? Muito provavelmente tenha nascido no
Brasil e adquirido a nacionalidade francesa por adoção. O que se sabe de
concreto é que o fotógrafo François Auguste Amoretty recebeu várias menções e
medalhas por seu dedicado trabalho e que teve um irmão chamado Afonso Carlos
Amoretty que casou na atual cidade de Arroio Grande com uma brasileira. A. Amoretty casou provavelmente no Uruguay com Francisca Luísa Lugarte de quem
teve os filhos Conceição, Otília, Saturnina, Carlos Augusto, Dora, Luís Carlos
e Maria Teresa, alguns deles nascidos em Pelotas. Em 1897 tinha seu ateliê na rua 15 de
Novembro esquina General Telles.
O
longo processo de formação da arte da fotografia culminou na França, no início
do século 19, com Nièpce, Daguerre e Florence. E foram justamente também os
franceses que trouxeram da pátria-mãe para Pelotas este processo fotoquímico de
apreender a imagem.
Leandro
Ramos Betemps - ltemps@terra.com.br
(Mestre em Memória
Social e Patrimônio Cultural (UFPEL)
Fonte: http://www.diariopopular.com.br/11_05_07/artigo.html