quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Arquidiocese de Pelotas - Igreja Católica


A Igreja Católica Apostólica Romana, através do sistema do Padroado, auxiliou a organização política do Novo Mundo encontrado pelos europeus no Continente Americano. No Brasil esse sistema foi aplicado desde o início do povoamento com a criação de dioceses e paróquias (antigos bispados e freguesias).


A Arquidiocese de Pelotas (Archidioecesis Pelotensis) tem como arcebispo Dom Jacinto Bergmann.
Área: 20.737 km2
Dioceses sufragâneas da Arquidiocese de Pelotas: Bagé e Rio Grande
Participa da Conferência Regional Sul 3 do Brasil
Endereço do Arcebispado Metropolitano: Rua 7 de setembro, 145 - Caixa Postal 260
96015-300   Centro - Pelotas, RS, Brasil
Telefone: (053) 3225-8055

Arquidiocese de Pelotas foi criada em 13-04-2011 quando a antiga Diocese foi elevada à condição de Arquidiocese. Abrange todos os municípios pertencentes a antiga Diocese e tem as Dioceses de Rio Grande e Bagé como sufragâneas. 
A Diocese de Pelotas foi criada em 15-08-1910, desmembrada da Diocese de São Pedro de Rio Grande (atual Arquidiocese de Porto Alegre). Além do município de Pelotas, fazem parte da Diocese os territórios dos atuais municípios de São Lourenço do Sul, Turuçu, Capão do Leão, Morro Redondo, Arroio do Padre, Canguçu, Jaguarão, Piratini, Arroio Grande, Herval, Pedro Osório e Cerrito. Inicialmente também abrangia os municípios que atualmente fazem parte das Dioceses de Rio Grande e Bagé, até a criação destas Dioceses.  
A Diocese de São Pedro de Rio Grande foi criada em 07-05-1848, desmembrada da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tinha sua sede em Porto Alegre e atualmente tem o nome de Arquidiocese de Porto Alegre. Entre 1848 e 1910 as freguesias do município de Pelotas e adjacências pertenciam à Diocese de São Pedro de Rio Grande e antes de 1848 à Diocese do Rio de Janeiro.
A Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro foi criada em 16-11-1676, desmembrada da Diocese de São Salvador da Bahia e abrangia extenso território, inclusive todo o atual Estado do Rio Grande do Sul. A primeira freguesia criada em território riograndense foi na atual cidade de Rio Grande na década de 1740.
A Diocese de São Salvador da Bahia foi criada em 25-02-1551, desmembrada da Diocese de Funchal e abrangia todo o território brasileiro que estava em posse dos portugueses.
A Diocese de Funchal foi criada em 12-06-1514, em substituição ao Vicariato do Convento de Santa Maria de Tomar, pertencente a Ordem de Cristo. Esta Diocese foi sediada na cidade de Funchal, na Ilha da Madeira, pertencente a Portugal e tinha jurisdição sobre as terras ultramarinas em posse dos portugueses. Logo, entre 1514 e 1551 o Brasil estava sob jurisdição eclesiástica da Diocese de Funchal.
O Vicariato do Convento de Santa Maria de Tomar, pertencente a Ordem de Cristoestava sobre a regra cisterciense que exerceu jurisdição canônica por concessão pontifícia sobre todas as terras descobertas ou a descobrir pelas conquistas portuguesas até a ereção de bispados. Os padres que vieram ao Brasil da descoberta até a ereção da Diocese de Funchal em 1514 pertenciam ao Vicariato de Tomar e à Ordem de Cristo (por isso as caravelas tinham a grande cruz vermelha sobre fundo branco, símbolo da Ordem que vemos nas figuras que representam a época). Essa concessão foi recebida pelo Grão-Mestre da Ordem de Cristo, em 13-03-1456 feita pelo Papa Calisto III, através da bula Inter Coetera, e partilhada através com o Prior-mor do Vicariato de Tomar que era nullius dioecesis, ou seja, o Vicariato tinha jurisdição espiritual mas não tinha domínio temporal.

Aqui neste link encontra-se o Mapa da Arquidiocese de Pelotas com as Dioceses sufragâneas de Rio Grande e Bagé.  


E aqui uma figura com os municípios da região indicando a sequencia de desmembramentos que deram origem a cada um, a partir do município de Rio Grande. As datas são referências a sua criação ou emancipação.


domingo, 30 de março de 2014

Parentes de Frei Galvão em Pelotas-RS?


Parentes de Frei Galvão em Pelotas?

O principal elemento da genealogia como ciência social é a procura de evidências documentais. São os documentos históricos que revelam os indivíduos, porém são os documentos de interesse genealógico que revelam as conexões e vínculos de parentesco entre estes indivíduos históricos diferentes. Assim, é graças a genealogia que é possível investigar possíveis relações sociais entre os parentes genealógicos (pessoas com pelo menos um ancestral comum) de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro.
Frei Antônio Galvão nasceu por volta de 1739 em Guaratinguetá-SP, filho de um português do Algarve e da paulista Isabel Leite de Barros. Alguns genealogistas indicam como ancestrais de sua mãe os velhos troncos que desembarcaram no Brasil no século XVI. Entre seus ancestrais se encontram o nobre açoriano Paschoal Leite Furtado que veio em 1599 para São Paulo, mas também Antonia Rodrigues, índia batizada pelo Padre Anchieta, e Pequeroby, irmão do Cacique Tibiriçá. Assim, o santo brasileiro seria descendente do português colonizador e de índígenas colonizados. Mas passemos para os parentes mais próximos já de fácil comprovação histórica.
Para os gaúchos o parentesco por ancestrais mais importante pode ser o com o general farroupilha Bento Gonçalves. A mãe do santo era trineta de Pedro Dias Paes Leme, que era por sua vez primo-irmão de outro Pedro Leme, chamado o velho. Este Pedro, o velho era bisavô de Fabiana da Costa Rangel, esta última trisavó do General Bento Gonçalves. Está bem caro leitor, talvez seja melhor pegar papel e lápis e esboçar a árvore dos dois indivíduos. Calculando o grau de parentesco descobre-se que são primos de quinto grau com duas gerações de diferença. O leitor e eu, com certeza, acharemos complicada essa nomenclatura pouco esclarecedora deste calculo de parentesco entre o santo e o general. Porém o que nos interessa mais é pensarmos a ligação que poderia haver entre os dois: talvez moral, talvez milagrosa, ou pelo menos de herança cultural dos paulistas que vieram colonizar estes verdes campos sulistas.
Investiguemos agora os parentescos por descendência, os parentescos mais próximos de nós, advindos pelos descendentes dos sobrinhos do santo Frei. Sim, os irmãos do Frei deixaram descendentes que vieram para o Rio Grande do Sul.
A irmã, chamada Maria Leite Galvão casou com Francisco Ferraz de Araújo, pais do paulista Antônio Galvão de França Neto que casou em 1777 em Rio Pardo com a riograndina Escolástica Leonor de Sousa.
Já o irmão do Frei, o sargento-mor José Galvão de França teve pelo menos dois filhos: Francisco Galvão de França e José Galvão de França. O primeiro foi pai de Francisco Galvão de Barros França que casou em Pelotas em 1827 com a pelotense Ana Esméria da Cunha Fontoura. E o segundo filho foi pai do capitão Joaquim Galvão Pacheco de França casado com a pelotense Mariana Amália da Cunha Fontoura, nascida aqui em 1821. Porém, não foi encontrado filhos destes casais nascidos em Pelotas, provavelmente após os casamentos, as esposas seguiram com os maridos para a Província de São Paulo.
Anos mais tarde, Antônio Galvão da Fontoura, filho de Joaquim Galvão e Mariana da Fontoura, seguiu os passos do pai e veio buscar esposa em Pelotas. Aqui casou em 1865 com a pelotense Josefa Amélia Ferreira da Cunha, filha do Alferes Carlos da Cunha e de Josefa Amélia da Fontoura, esta última, irmã de Mariana e de Ana Esméria, sendo as três filhas do casal Francisco José Carneiro da Fontoura e de sua mulher Ana Ludovina da Cunha.

A genealogia estabeleceu os vínculos e conexões de parentesco entre os paulistas Galvão e os gaúchos Fontoura, resta agora à história investigar e revelar quais influências uma família deixou à outra.
Autor: Leandro Ramos Betemps
 Mestre em Memória Social
ltemps@terra.com.br

Artigo publicado no Jornal Diário Popular, de Pelotas, RS, Brasil em  12/05/2007 disponível em http://www.diariopopular.com.br/12_05_07/artigo.html

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pelotas é um município gaúcho, localizado no estado do Rio Grande do Sul (RS), 
a 250 km de Porto Alegre, a capital mais ao sul do Brasil.




Blog com o objetivo de partilhar e divulgar informações de pesquisas realizadas por mim sobre os povoadores do município de Pelotas. Pelotas, RS, Brasil. 

Autor: LEANDRO RAMOS BETEMPS, historiador, genealogista e pesquisador. 

Colaborador do IHGPel - Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas e 
Museu da Colônia Francesa, de Pelotas. 

Contato: leandrobetemps@gmail.com   

Fotógrafos franceses em Pelotas

Além do importante legado de ter sido a etnia que criou as primeiras fábricas alimentícias que fizeram os primeiros doces industrializados de Pelotas, a colonização e a imigração francesa trouxeram para cá outras importantes modernizações. Entre os expoentes deste grupo étnico estão os primeiros fotógrafos de Pelotas: Serrès, Baptiste Lhullier e Amoretty.

Em Pelotas o primeiro fotógrafo de que se tem notícia é o francês Charles Etienne Serrès, nascido por volta de 1829, filho de Etienne Serrès e Marie Lassale. Seu ateliê situava-se à Rua das Flores, n° 80 (chamada rua Andrade Neves desde 1869). O fotógrafo casou-se em 1866 em Pelotas, com a francesa Marianne Elise Lhullier, de quem teve dois filhos: Emílio e Paula. Após anos de dedicação à arte de Daguerre, Charles Serrès faleceu em 1890 em Pelotas e quem o sucedeu foi seu cunhado Jean Baptiste Lhullier.

Jean Baptiste Lhullier foi a segunda geração dos fotógrafos franceses em Pelotas. Era filho de Claude Hubert Lhullier e Anne Maupert, franceses que vieram para Pelotas com quatro filhos e aqui deixaram vários descendentes. O fotógrafo Jean Baptiste nasceu por volta de 1848 em La Chapelle-Blanc-Saint-Martin, no departamento de Indre-et-Loire, e casou-se com a brasileira Maria José Rezende Conde, de quem teve os filhos: Alfredo, João Batista, Maria, Amélia e Eugênia. Em 1875 tinham ateliê na rua 7 de Setembro e já era tido como fotógrafo profissional na cidade. Antes teve ateliê na rua General Osório.

O jornal Correio Mercantil de 13/1/1876 anuncia a chegada do terceiro fotógrafo francês em Pelotas: François Auguste Amoretty, que compra o ateliê de Batiste Lhullier. Este foi dos três fotógrafos franceses, talvez o que alcançou maior destaque em Pelotas. É provável que tenha ajudado para isso a dispersão do interesse pela fotografia que aumentou no final do século com o advento de novos processos de fotografar e novos produtos químicos, tornando a fotografia um pouco mais acessível às camadas mais populares. Esses detalhes junto com sua habilidade de fotógrafo faziam dele o grande fotógrafo até aquele momento. Seus pais eram os franceses Antoine Louis Amoretty, natural de Marselha e Victorine Louise Masseran, natural de Montpellier, casados em 1842 na cidade do Rio de Janeiro. Essa importante informação põe em questão a naturalidade de Amoretty. Seria ele nascido na França ou no Brasil? Muito provavelmente tenha nascido no Brasil e adquirido a nacionalidade francesa por adoção. O que se sabe de concreto é que o fotógrafo François Auguste Amoretty recebeu várias menções e medalhas por seu dedicado trabalho e que teve um irmão chamado Afonso Carlos Amoretty que casou na atual cidade de Arroio Grande com uma brasileira. A. Amoretty casou provavelmente no Uruguay com Francisca Luísa Lugarte de quem teve os filhos Conceição, Otília, Saturnina, Carlos Augusto, Dora, Luís Carlos e Maria Teresa, alguns deles nascidos em Pelotas. Em 1897 tinha seu ateliê na rua 15 de Novembro esquina General Telles.

O longo processo de formação da arte da fotografia culminou na França, no início do século 19, com Nièpce, Daguerre e Florence. E foram justamente também os franceses que trouxeram da pátria-mãe para Pelotas este processo fotoquímico de apreender a imagem.

Leandro Ramos Betemps - ltemps@terra.com.br
(Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPEL)
Fonte: http://www.diariopopular.com.br/11_05_07/artigo.html